segunda-feira, 14 de maio de 2007

Diversidade, Igualdade e Estética.



A roupa nova do Rei

Um bandido, se fazendo passar por um alfaiate de terras distantes, diz a um determinado rei que poderia fazer uma roupa muito bonita e cara, mas que apenas as pessoas mais inteligentes e astutas poderiam vê-la. O rei, muito vaidoso, gostou da proposta e pediu ao bandido que fizesse uma roupa dessas para ele.
O bandido recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro, seda
e outros materiais raros e exóticos, exigidos por ele para a confecção das roupas. Ele guardou todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios invisíveis, que todas as pessoas alegavam ver, para não parecerem estúpidas.
Até que um dia, o rei se cansou de esperar, e ele e seus ministros quiseram ver o progresso do suposto "alfaiate". Quando o falso tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia, o rei exclamou: "Que lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico!", embora não visse nada além de uma simples mesa, pois dizer que nada via seria admitir na frente de seus súditos que não tinha a capacidade necessária para ser rei. Os nobres ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho do bandido, nenhum deles querendo que achassem que era incompetente ou incapaz. O bandido garantiu que as roupas logo estariam completas, e o rei resolveu marcar uma grande parada na cidade para que ele exibisse as vestes especiais. A única pessoa a desmascarar a farsa foi uma criança que gritou para a vergonha do rei: - O rei está nu!


Desgraçada da sociedade que abre mão de sua experiência particular, seja estética ou da vida prática, sem refletir e analisar para compreender, em prol de viver alimentado por uma aparência externa efêmera, periférica e sem profundidade. Pobre e sem significação é o ser humano que vive desta aparência externa, periférica e sem profundidade. Pois a grande felicidade da igualdade está no ser diverso, mas sem mímica, sem imitação, sem concordância estúpida e sobretudo, sem fingimento. Isso porque é possívela achar que se é diverso, não sendo quem se é. A diversidade se torna a mais perfeita igualdade quando dela parte a compreensão daquilo que te faz diverso... Aqui se estabelece a igualdade na diversidade, a semelhança na essência. A única que importa, a única que vem bela desde as profundezas do ser. Estar atento a isso é viver esteticamente, viver por aquilo que há de mais belo em si mesmo... que é o: Você mesmo!

O valor da estética pela estética está em se perceber o porquê pelo qual gostamos ou não de algo. Diante de uma obra de arte é fácil expressar se você é livre como a criança do conto de Hans Christian Andersen, e expressa aquilo que verdadeiramente sente. Mas se o indivíduo usa sua experiência estética como instrumento libertador dos paradigmas impostos, se percebe a vida como a criança d'A roupa nova do rei', está longe de ser periférico. Pois se acho lindos os túmulos ricamente decorados com pedras finas; terei eu força, coragem e sensibilidade de olhar o conteúdo putrefato destas belezas revestidas a mármore e granito?

Aquela criança permite a Diversidade estabelecer a Igualdade... E esta, infalivelmente, se expressar em Estética no expressar-se para com os outros, e principalmente para a parte mais importante nesta relação de diversidade, igualdade e estética: O próprio indivíduo atuante. Que é 'sendo' a todo momento. ;^*



Ilustração: Stetsenko Kseniya: O rei nu. Óleo sobre tela.

5 comentários:

Tatiana Badaró disse...

Mel!!!
Que show viu!? Qq coisa q eu possa dizer vai parecer mero comentário infantil perto do que vc escreveu aih!
Massa mesmo!!
Bjs

Unknown disse...

Faço das palavras de Taty as minhas... pois o seu texto É!!! Puro, simples e ao mesmo tempo amplo... É!
Pq qualquer palavra simplificaria a verdadeira alma do texto.
Meus parabéns meu irmão.

Um abraço,

Wanderley

Márcia Knop disse...

Grande mensagem presente nesse texto que vc escreveu! Falou e disse!
E por mim, está combinadíssimo. No dia que eu embebedar uma editora e convencê-la a publicar meus textinhos, vc fará a ilustração! Que luxo, hein?! Sonhar não custa!
Bjão.

HumAna disse...

Não será a roupa apenas obrigatória porque passamos a vida escondendo quem somos?

Ismael Silvério disse...

Mano...

Sobre estética segue um desafio: assistamos e divulgue no blog o videoclipe oficial da música Mormaço de Os Paralamas do Sucesso. Muito bala!!!!

http://www.youtube.com/watch?v=HJwTrg1PwZM&feature=player_embedded

 

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