quinta-feira, 4 de julho de 2013

É drama ou romance?


Nas mais variadas formas de se demonstrar afeto por outra pessoa, podemos perceber um aspecto conflitante que é, na tentativa de se oferecer tal sentimento, obrigarmos o outro a receber da maneira que agrade a quem oferece, sob pena de ser mantido escravo deste presente ou da não aceitação do mesmo (acontece!), o qual, revestido de beleza, tem apenas uma única finalidade, a de se criar uma masmorra colorida e perfumada; de se elaborar uma tesoura afiada, feita de ouro, cravejada de brilhantes, usada amplamente nesta peculiar troca de afeto. Uma tesoura feita para cortar... Cortar tudo aquilo que é profundo, amplo e inefável como nossas asas. Drama!

É possível que esta mesma demonstração de afeto venha cheia de real colorido e perfumes, e assim sendo, tendo por finalidade a construção de um paraíso de felicidade e harmonia, onde não há limites entre quem oferece e quem recebe o afeto, porque entre estes não há distância. Estes possuem duas asas, cada uma num corpo, proporcionando um vôo solo, mas a dois. O equilíbrio solidário e amoroso entre os desiguais, que proporciona o vôo às alturas do crescimento em parceria. Mas há de ser refletido a dois o plano de vôo, para que as partes desiguais dos corpos com cada asa se encontrem suavemente na doçura do altruísmo, no compreender, no ouvir e no orientar. Há quem prefira o vôo solo, e assim doar afeto a todos... Também é um belo e verdadeiro voar! Romance!

Fiquei pensando sobre isso depois de ver, faz um tempo, um casal numa faculdade daqui de Salvador argumentando e brigando, usando gestos e palavras agressivos, no estacionamento da instituição. Não sei se estamos certos do que desejamos para nós mesmos quando pensamos em felicidade, mas miramos no outro apenas a fonte de prazer. Felicidade é outra coisa; algo diferente do que se vê nestes relacionamentos atuais, onde os vícios são o tempero da relação, onde há o entendimento de que o conflito é o termômetro desta busca por felicidade.  Precisamos compreender e separar o que é Drama do que é Romance, para que não se componha no final uma Tragédia. Separar o que é fútil daquilo que é útil. Cultuar o bom, o belo e o necessário para si mesmo, para poder saber oferecer do mesmo ao outro. Sob pena de ver o tempo passar e verdadeiramente não se saber ou perceber, qual é o estilo ou modalidade daquilo que deveria ser uma completa Obra de Arte, o texto definitivo, que foi construído ao longo dos anos, e que na maioria das vezes, erroneamente chamamos de relacionamento.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Melancolia




"Melancolia (do grego μελαγχολία - melagcholía; de μέλας - mélas, "negro" e χολή - cholé, "bílis") é um estado psíquico de depressão com ou sem causa específica. Caracteriza-se pela falta de entusiasmo e predisposição para atividades em geral."

Durante a Renascença o estado de espírito chamado de melancolia era considerado bem vindo, pois proporcionava um contato consigo mesmo, um pé no presente, ao invés de se viver alternando entre planos para o futuro e lembranças do passado.

Na atualidade as últimas gerações têm por prática confundir prazer com felicidade. Este engano é a base de 90% dos problemas humanos, eu diria. Procuramos companheiras, companheiros, trabalhos, "amigos", etc., tendo por objetivo ser feliz, mas tudo aquilo que fazemos é dar manutenção a uma fonte de prazer que desejamos que seja inesgotável; tendo esta manutenção como objetivo do viver, usamos como método toda sorte de vícios e maltratos para com os outros, mas principalmente para consigo mesmo, para manter esta fonte de prazer jorrando, o que deveria ser contraditório em se tratando da origem: a busca da Felicidade. Quando nosso foco é esta busca equivocada por felicidade, significa que estamos mais perceptivos ao que acontece fora, do que dentro da gente. Uma vez que praticamos esta maneira de viver, um dado momento qualquer sensação pode assumir o controle de sua vida. A melancolia pode virar o sintoma de uma depressão e início de morte (Como no filme).

A melancolia é uma sensação que, quando se é consciente, nos possibilita involuntariamente a estar atento ao que se sente, a aprofundar, mergulhar em si mesmo, e esta ação promove uma reflexão transformadora ou uma bela elaboração artística. Estar atento é estar em relação consigo mesmo, e é a partir disso que podemos estar perceptivos e atentos a tudo ao nosso redor, re significando  as suas experiências de prazer e dor. Esta atenção interna, sem escravidão àquilo que é doce, mas estando apto a lidar com aquilo que a vida trouxer, é o que proporcionará o resultado desta atividade e disponibilidade mental: o encontro do "Ser Feliz".
 

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