
Um dia destes eu estava conversando com meu irmão, sobre a mágica que há na música e ele lembrou de um fato relatado por um amigo dele, Lins, que vinha com outros amigos dirigindo na linha verde (Rodovia Ecológica próxima de Salvador-Ba), quando a lua cheia despontou bem diante do horizonte da estrada, colorindo de amarelo a escuridão do ambiente distante das cidades. Os caras pararam o carro, ligaram o som e emoldurados pela floresta que costeia a rodovia dançaram reggae embalados pela batida de 'Natural Mystic', música de Robert Nesta Marley.
Virá o dia, e espero que não esteja tão longe, em que nas escolas educaremos nossas crianças para serem seres sensíveis, conscientes de si mesmo. Conscientes daquilo que sentem. Não mais modelados por uma sociedade que forma seres técnicos; forma arquitetos, advogados, enfermeiros, médicos, contadores, professores, mas quais destes profissionais aprenderam na academia a ser humano? A sensibilzar-se com a dor do outro, ao invés de permitir que a rotina justifique como normalidade uma pessoa morrer num corredor de um hospital por falta de atendimento? Quando este dia chegar vamos parar para ver o pôr do sol; não porque a atriz da novela estava fazendo; não porque está na moda demonstrar sensibilidade, mas sim porque é exatamente isso que o nosso meio de amar anseia, que as nossas emoções exigem, que o nosso sentimento demanda e percebemos isto com clareza. Este dia virá e nesta sociedade formada por seres autoconscientes, nunca mais teremos vergonha de demonstrar socialmente o ser sensível, amável, gentil, atento, espiritual que carregamos dentro da gente. E nestes dias talvez muitos outros Lins estarão dançando envolvidos pela mística natural, provando que há uma distância astronômica entre o ser intelectual e o Ser Inteligente.


